Projecto

OBJECTIVOS

Este projecto teve como premissa o conhecimento de que as Quedas na doença de PARKINSON são o principal motivo de progressão na doença. Contudo, também sabemos que há inúmeras estratégias que podem reduzir as quedas e sua gravidade.

O nosso objectivo principal é capacitar todos os portugueses com o diagnóstico de DP, desde os estadios iniciais aos mais avançados, com um capital de conhecimento suficiente para realizar escolhas informadas, para terem conhecimento sobre como gerir o antes (prevenção) e depois (recuperação) destes episódios de quedas.

Com isto, queremos, efectivamente,reduzir a Frequência e a Gravidade das Quedas, e reduzir a progressão da doença

Isto será atingido através da:

  • criação de uma videoteca com vídeos informativos para que doentes de Parkinson (DP), familiares e profissionais possam ter informação sobre quedas em Parkinson, permitindo aceder a essa mesma informação de forma fácil;
    • criação de Consultas de Quedas (presenciais e online), diminuindo o impacto negativo das quedas;
    • formação e educação para saúde;
    • recolha de dados/investigação para melhorar conhecimento na área.

FUNDAMENTAÇÃO

Relevância:

  • A dimensão da problemática das quedas no idoso tem desencadeado um interesse público crescente quer nacional quer internacionalmente, estando enquadrada como área prioritária nas orientações e estratégias do actual Plano Nacional de Saúde. A escassez de recursos na comunidade, o desconhecimento dos factores de risco, assim como dos factores favorecedores de saúde nos doentes de Parkinson e, também, de estratégias de prevenção de quedas são razões constantes na população-alvo abrangida, que justificam o presente projeto. As doenças neurológicas, tal como a doença de Parkinson (DP), representam a segunda forma mais comum de doenças neurodegenerativas a seguir à doença de Alzheimer [1]. A DP impõe aos indivíduos limitações significativas no que diz respeito à atividade e à participação, num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter progressivo e cuja interação com o meio envolvente resulta em dificuldades crescentes relativamente à mobilidade, quedas, dificuldades na comunicação e aprendizagem. Este quadro representa um claro impacto negativo na autonomia e qualidade de vida dos doentes. A DP merece uma particular relevância pela sua elevada prevalência na população portuguesa e pelo facto de os estudos de base epidemiológica a serem publicados pela Direção-Geral de Saúde e a APDPk, demonstrarem um insuficiente controlo, facto que poderá reflectir-se na anormal incidência de quedas e repetição de quedas na DP. Estas quedas, com o seu carácter multidimensional, com as graves consequências negativas e directas, para o cidadão, a sociedade e para o sistema de saúde, determinam que sejam encaradas como um dos mais importantes problemas de saúde pública que urge minorar.
  • Dois terços dos indivíduos com DP têm quedas anualmente [2-7]. Uma meta-análise de 6 estudos propetivos de quedas em DP [8] verificaram que 46% dos participantes caíram num período de 3 meses. Num estudo com 100 pessoas com DP verificou-se que 13% reportaram cair mais do que uma vez por semana [9]. Sabe-se hoje que os custos directos e indirectos associados às quedas, decorrentes das despesas assistenciais e da diminuição da produtividade (como por exemplo, o desemprego, absentismo, baixas por doença, apoio a familiar doente), têm um enorme impacto económico nos orçamentos públicos. Este importante impacto económico decorre da incapacidade por elas provocada, bem como dos crescentes custos relacionados com o seu tratamento [10-15]. Impera, portanto, a necessidade de desenvolver acções e projectos que procurem minimizar todo o ciclo negativo associado às quedas, em particular nas doenças do movimento. Apesar de existirem intervenções farmacológicas eficazes para a DP, os problemas relacionados com o equilíbrio e as quedas requerem uma estratégia mais complexa e integrada. Existe um crescente suporte científico para a eficácia de intervenções de reabilitação e exercício para prevenção de quedas na população idosa em geral [16, 17] e em doentes de DP em particular [18-20]. Não existe, contudo, uma estratégia nacional, regional ou local, verdadeiramente estruturada, que, numa perspetiva integrada, promova medidas para fomentar um processo eficaz de gerir as quedas deste cariz, em particular, na DP.
  • O carácter pioneiro deste projeto reflecte-se no desenvolvimento de uma estratégia nacional científicamente suportada para colmatar a problemática dos cuidados de saúde especializados para DP, que possa ser utilizado em diálogo na defesa dos interesses dos doentes de Parkinson em políticas de saúde. No domínio dos cuidados de saúde, o reconhecimento da importância epidemiológica e do forte impacto da DP e, em particular, das quedas em DP, como problemáticas responsáveis por elevada morbilidade e mortalidade, leva necessariamente a uma focagem sobre melhores estratégias interventivas.
  • O projeto aqui apresentado privilegia a prestação de cuidados aos doentes de Parkinson no seu meio envolvente com recurso a associações da sua área para avaliações contínuas e participação em cuidados especializados. Uma das metas assistenciais do projecto é refletida na existência de assinaláveis assimetrias regionais no que diz respeito aos cuidados especializados e carências informativas que deverão ser obrigatoriamente corrigidas. As melhores práticas regionais deverão ser assumidas como metas a generalizar.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Dorsey ER, Constantinescu R, Thompson JP, Biglan KM, Holloway RG, Kieburtz K, Marshall FJ, Ravina BM, Schifitto G, Siderowf A, Tanner CM (2007) Projected number of people with Parkinson disease in the most populous nations, 2005 through 2030. Neurology 68: 384-386.

2. Ashburn A, Stack E, Pickering RM et al. A community-dwelling sample of people with Parkinson’s disease: characteristics of fallers and nonfallers. Age & Ageing. 2001; 30:47–52.

3. Schrag A, Ben Shlomo Y, Quinn N. How common are the complications of Parkinson’s disease? Journal of Neurology. 2002; 294(4):419–423.

4. Wood BH, Bilclough JA, Walker RW. Incidence and prediction of falls in Parkinson’s disease: a prospective multidisciplinary study. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry. 2002; 72:721–725. 5.

5. Nevitt MC, Cummings SR, Kidd S, Black D. Risk factors for recurrent non syncopal falls. A prospective study. JAMA 1989;261:2663–2668.

6. Fletcher PC, Hirdes JP. Risk factors for falling among community-based seniors using home care services. J Gerontol A Biol Sci Med Sci 2002;57:M504–510.

7. van Doorn C, Gruber-Baldini AL, Zimmerman S, et al. Dementia as a risk factor for falls and fall injuries among nursing home residents. J Am Geriatr Soc 2003; 51:1213–1218.

8. Pickering RM, Grimbergen YAM, Rigney U, Ashburn A, Mazibrada G, Wood B, Gray P, Kerr GK, Bloem BR (2007) A meta-analysis of six prospective studies of falling in Parkinson’s disease. MovementDisorders 22: 1892- 1900.

9. Koller WC, Glatt S, Vetere-Overfield B, Hassanein R (1989) Falls and Parkinson’s Disease. Clinical Neuropharmacology 12: 98-105.

10. Pressley JC, Louis ED, Tang M-X, Cote L, Cohen PD, Glied S, Mayeux R (2003) The impact of comorbid disease and injuries on resource use and expenditures in parkinsonism. Neurology 60: 87-93.

11. Temlett JA, Thompson PD (2006) Reasons for admission to hospital for Parkinson’s disease. Internal Medicine Journal 36: 524-526.

12. Johnell O, Melton JI, Atkinson EJ, O’fallen M, Kurland LT (1992) Fracture risk in patients with Parkinsonism: A population-based study in Olmsted County, Minnesota. Age and Ageing 21: 32-38.

13. Pressley JC, Louis ED, Tang M-X, Cote L, Cohen PD, Glied S, Mayeux R (2003) The impact of comorbid disease and injuries on resource use and expenditures in parkinsonism. Neurology 60: 87-93.

14. Temlett JA, Thompson PD (2006) Reasons for admission to hospital for Parkinson’s disease. Internal Medicine Journal 36: 524-526.

15. Davey C, Wiles R, Ashburn A, Murphy C (2004) Falling in Parkinson’s disease: The impact on informal caregivers. Disability and Rehabilitation 26: 1360- 1366.

16. Gillespie L, Robertson M, Gillespie W, Lamb SE, Gates S, Cumming R, Rowe B (2009) Interventions for preventing falls in older people living in the community. Cochrane Database of Systematic Reviews Issue 2. Art. No.: CD007146.

17. Sherrington C, Whitney J, Lord SR, Herbert R, Cumming R, Close JCT (2008). Effective exercise for the prevention of falls: A systematic review and metaanalysis. Journal of the American Geriatrics Society 56: 2234-2243.

18. Protas EJ, Mitchell K, Williams A, Qureshy H, Caroline K, Lai EC (2005) Gait and step training to reduce falls in Parkinson’s disease. NeuroRehabilitation

20: 183-190.

19. Nieuwboer A, Kwakkel G, Rochester L, Jones D, Van Wegen E, Willems A, Chavret F, Hetherington V, Baker K, Lim I (2007) Cueing training in the home improves gait-related mobility in Parkinson’s disease: The RESCUE trial. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry 78: 134-140.

20. Ashburn A, Fazakarley L, Ballinger C, Pickering R, McLellan LD, Fitton C (2007) A randomised controlled trial of a home-based exercise programme to reduce the risk of falling among people with Parkinson’s disease. Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry 78: 678-684.